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Hey Dreamers! Tudo bem?
No assunto de hoje vamos tratar de outro aspecto fundamental para o sucesso na produção audiovisual: planejamento e organização.
No primeiro post comentamos sobre a importância de se adaptar, chegar na locação ver o local, observar as condições e caso algo dê errado a gente adapta e improvisa. Hoje nós vamos ver a importância de você planejar e fazer um roteiro de exatamente tudo o que vai acontecer: do início ao fim na sua produção.
Espero que você tenha visto o vídeo que eu enviei para você lá no grupo do Telegram ( se não está no grupo, clique aqui) Esse é o primeiro corte de uma cena do espetáculo de cine-teatro Tati Búfala que eu fiz a direção audiovisual. É uma cena relativamente simples: um diálogo entre duas personagens em uma locação apenas. Eu já tinha informações importantes para o andamento da história, mesmo assim foi um roteiro que eu demorei para fazer; adaptar um texto teatral para um roteiro de cinema não é uma tarefa simples. Temos que interpretar as rubricas, adaptar algumas falas para a estética realista do cinema, pensar nos cortes, no posicionamento das câmeras e na distância focal que cada objetiva vai estar em determinados planos.
Recebi o texto com a dramaturgia teatral e logo fui trocar uma ideia com o autor que também era um dos atores do elenco. Sempre que possível, além de conversar com o diretor da peça eu tento conversar com o autor do texto, são visões diferentes que podem agregar muito ao meu trabalho.
Pronto! Captei as duas ideias e agora chegou a hora de dar a minha assinatura: o cinema. Peguei o texto, li várias vezes e comecei a fazer anotações, a forma de falar, alguma frase que cause algum estranhamento fonético ou que seja difícil para os atores falarem, alguma mudança ou inversão de parágrafos; depois começo a pensar nos planos de enquadramento: plano médio, plano geral, detalhe, etc. Após marcar tudo isso no roteiro fomos para a locação, eu, parte da equipe técnica e dois atores para marcação.
Depois de alguns km de estrada (a locação era em outra cidade) fomos visitar o lugares onde gravaríamos. Neste momento o importante é fazer a demarcação de cenas com os atores, esquecendo totalmente o equipamento. Marque, busque que a movimentação seja dinâmica e orgânica e que eles se sintam à vontade. Não adianta você ter a melhor câmera do mundo se o seu ator ou atriz está desconfortável fazendo a cena, isso vai aparecer mais nítido do que nunca na tela.
Demarcada a cena, conversa encerrada com o elenco, hora de fazer as marcações com os equipamentos. Onde as câmeras vão ficar posicionadas, em qual milimetragem as lentes vão estar, quando vão acontecer os corte. Muitas vezes a marcação dos atores vai ter que ser reajustada neste processo, por limitação do equipamento ou simplesmente para melhorar a plástica da cena.
No dia que fomos fazer a demarcação, infelizmente, uma das atrizes não pôde comparecer. O que fiz? Levei uma dublê que ficou encarregada de passar as informações para a sua colega ausente. E claro! Se a atriz se ausentasse no dia da gravação, eu já teria uma substituta a postos. Dica por experiência própria: sempre, SEMPRE! Tenha um elenco de substitutos. Há bons e maus profissionais em diversas áreas e com o teatro e cinema não é diferente. Além de que estamos susceptíveis a forças maiores constantemente.
Voltando: geralmente você usa poucas milimetragem (distâncias focais) diferentes, uma ou duas. As lentes profissionais do cinema em sua grande maioria são fixas. (Se você não sabe o que é uma lente fixa estamos preparando um post para as próximas semanas, fique ligado) mas como temos na nossa mão DSLRs com as lentes zoom então é muito fácil você se confundir e você mudar de um take pra outro e não perceber, isso gera um aspecto visual diferente na sua produção. Você grava uma cena em 24mm, outra 140mm, 50mm e esse aspecto Pode parecer um preciosismo mas esse aspecto acaba impactando diretamente e isso vai interferir negativamente no produto final como que o público vai receber a sua obra visual. Fiz a marcação das câmeras dos atores do momento do corte, do plano e da milimetragem então foi tudo minuciosamente escrito no roteiro. Quando voltássemos no segundo dia já iríamos gravar outras cenas em outros locais e assim não perderíamos tempo buscando o ângulo ideal ou combinando como vai ser a cena na hora H.
Eu já tive a péssima experiência de ir para uma gravação sem a decupagem de cena e foi extremamente improdutivo. Conseguimos fazer a cena, mas demoramos 3x mais tempo do que se tivéssemos um roteiro técnico decupado.
É muito importante vocês saberem que o improviso é muito frequente na nossa profissão! E fundamental na nossa carreira vocês saberem exatamente o que vão fazer caso haja as condições ideais de temperatura e pressão e caso alguma coisa dê errado também! Para isso a seu planejamento alinhado com uma boa equipe de produção/ time de apoio e sua capacidade de improviso e condução do elenco/equipe são elementos chaves para o sucesso no trabalho! Como alcançamos isso? Praticando, praticando e praticando!
Grande abraço!
D. Arteac
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